Aprendi com a primavera a me deixar cortar. E a voltar sempre inteira. Cecilia Meireles

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Para conhecerem o livro


Não existe nada melhor que escrever. Comparo escrever a receber o primeiro beijo de bom dia dos meus filhos ao amanhecer e é a eles que dedico esse livro, Ao Marco Kayke que tão cedo partiu do meu convívio, mas que, tenho certeza disso, está torcendo pelo sucesso da obra que ajudou a construir, à Ana Ariel minha filhotinha que foi a grande fonte de inspiração do Historias de Fazer Sorrir e à Miguel Benjamim meu ultimo rebento que todos os dias usufrui das historias aqui contidas.

Obrigada à vocês, que são a minha continuidade, pela inspiração e obrigada a Deus por me dar o talento para colocar em palavras cada uma das historinhas que escutei na minha infância. Obrigada mãe por ter me contado e por ter ajudado a desenvolver a minha criatividade.



A Vitória Régia

Era uma vez uma linda indiazinha da tribo Tupi-Guarani chamada Naiá. A indiazinha era filha do chefe, portanto, pela sua descendência era princesa da tribo.

Naiá tinha os cabelos longos e negros, os olhos amendoados e o corpo esguio, sabia manejar com perícia o arco e a flecha nas caçadas e era uma exímia contadora de histórias. Certo dia sentada na roda dos curumins, Naía escutou dos pajés a história do nascimento das estrelas.

Os pajés contaram que no começo do mundo, toda vez que a Lua desaparecia no horizonte, parecendo descer a encosta das serras, na verdade descia a terra e se transformava em um lindo índio, então percorrendo as tribos escolhia as virgens mais bonitas para levar com ele.

Quando tinha que reaparecer no horizonte sugava, através de beijos, o sangue das virgens, transformando-as em luz, e as conduzia para as mais elevadas nuvens onde as transformava em estrelas.

A indiazinha ficou muito impressionada com a história dos pajés e decidiu que também seria amada pela Lua e se transformaria em estrela.
Todas as noites, depois que as pessoas da tribo dormiam, Naiá subia as montanhas para que a Lua a visse e por ela se apaixonasse, mas, por mais que subisse as colinas e montanhas , perseguindo a Lua, mais fascinante e distante ela se tornava. Essa paixão doentia fez com que Naiá definhasse. Não havia filtros e sortilégios dos pajés que conseguisse curá-la. A tribo acreditava que o astro acabaria cedendo ao louco amor da indiazinha.

O tempo foi passando e Naiá começou a viver vagando pelas noites enluaradas, ferindo-se nas pedras e espinhos, chorando e correndo atrás da Lua.

Um dia, quase perdendo as esperanças, a indiazinha foi parar às margens de um lago e viu, refletida na água, a imagem branca da Lua. Acreditando que finalmente seu amor estava sendo correspondido, Naiá atirou-se na água cheia de felicidade.

Por semanas os índios procuraram inutilmente pela indiazinha. No entanto, a Lua que era a criadora das estrelas, resolveu recompensar o sacrifício da jovem. Transformou Naiá na estrela das águas. Fez nascer do corpo da indiazinha uma misteriosa planta, e então, a imensa candura do espírito de Naiá desabrochou numa grande flor perfumada, chamada Vitória Régia. Depois esticou as folhas, para que ela recebesse melhor o afago da sua luz. Assim Naiá vive feliz nas águas do lago recebendo, nas noites de luar, os beijos da Lua.

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