Não existe nada melhor que escrever.
Comparo escrever a receber o primeiro beijo de bom dia dos meus filhos ao
amanhecer e é a eles que dedico esse livro, Ao Marco Kayke que tão cedo partiu
do meu convívio, mas que, tenho certeza disso, está torcendo pelo sucesso da
obra que ajudou a construir, à Ana Ariel minha filhotinha que foi a grande fonte
de inspiração do Historias de Fazer Sorrir e à Miguel Benjamim meu ultimo
rebento que todos os dias usufrui das historias aqui contidas.
Obrigada à vocês, que são a minha
continuidade, pela inspiração e obrigada a Deus por me dar o talento para
colocar em palavras cada uma das historinhas que escutei na minha infância.
Obrigada mãe por ter me contado e por ter ajudado a desenvolver a minha
criatividade.
A
Vitória Régia
Era uma vez uma linda indiazinha da
tribo Tupi-Guarani chamada Naiá. A indiazinha era filha do chefe, portanto,
pela sua descendência era princesa da tribo.
Naiá tinha os cabelos longos e negros,
os olhos amendoados e o corpo esguio, sabia manejar com perícia o arco e a
flecha nas caçadas e era uma exímia contadora de histórias. Certo dia sentada
na roda dos curumins, Naía escutou dos pajés a história do nascimento das
estrelas.
Os pajés contaram que no começo do
mundo, toda vez que a Lua desaparecia no horizonte, parecendo descer a encosta
das serras, na verdade descia a terra e se transformava em um lindo índio,
então percorrendo as tribos escolhia as virgens mais bonitas para levar com
ele.
Quando tinha que reaparecer no
horizonte sugava, através de beijos, o sangue das virgens, transformando-as em
luz, e as conduzia para as mais elevadas nuvens onde as transformava em
estrelas.
A indiazinha ficou muito impressionada
com a história dos pajés e decidiu que também seria amada pela Lua e se
transformaria em estrela.
Todas as noites, depois que as pessoas da
tribo dormiam, Naiá subia as montanhas para que a Lua a visse e por ela se
apaixonasse, mas, por mais que subisse as colinas e montanhas , perseguindo a
Lua, mais fascinante e distante ela se tornava. Essa paixão doentia fez com que
Naiá definhasse. Não havia filtros e sortilégios dos pajés que conseguisse
curá-la. A tribo acreditava que o astro acabaria cedendo ao louco amor da
indiazinha.
O tempo foi passando e Naiá começou a
viver vagando pelas noites enluaradas, ferindo-se nas pedras e espinhos, chorando
e correndo atrás da Lua.
Um dia, quase perdendo as esperanças, a
indiazinha foi parar às margens de um lago e viu, refletida na água, a imagem
branca da Lua. Acreditando que finalmente seu amor estava sendo correspondido,
Naiá atirou-se na água cheia de felicidade.
Por semanas os índios procuraram
inutilmente pela indiazinha. No entanto, a Lua que era a criadora das estrelas,
resolveu recompensar o sacrifício da jovem. Transformou Naiá na estrela das
águas. Fez nascer do corpo da indiazinha uma misteriosa planta, e então, a
imensa candura do espírito de Naiá desabrochou numa grande flor perfumada,
chamada Vitória Régia. Depois esticou as folhas, para que ela recebesse melhor
o afago da sua luz. Assim Naiá vive feliz nas águas do lago recebendo, nas noites
de luar, os beijos da Lua.